Censo 2022: 2,9 milhões de PCDs não sabem ler e escrever
A taxa de analfabetismo entre PCDs é de 21,3%. Mais da metade das pessoas com deficiência não tem instrução ou tem fundamental incompleto
atualizado
Compartilhar notícia

Dados indicam que 2,9 milhões de pessoas com deficiência com 15 anos ou mais não sabem ler e escrever no Brasil — o que equivale a uma taxa de analfabetismo de 21,3%. Além disso, mais da metade de PCDs não tem instrução ou fundamental.
É o que dizem os dados preliminares do Censo Demográfico de 2022 sobre pessoas com deficiência e pessoas diagnosticadas com transtorno do espectro autista, divulgado nesta sexta-feira (23/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na pesquisa, o IBGE ressalta que o analfabetismo no país entre pessoas com deficiência (de 15 anos ou mais) “permanece elevado e significativo” — com contingente de 2,9 milhões.
“As taxas de analfabetismo são consistentemente superiores para pessoas com deficiência, independentemente da faixa etária ou da região considerada”, destaca trecho do Censo 2022.
Quase metade das PCDs (48%) reside no Nordeste, enquanto 27,7% vivem no Sudeste. Em comparação, entre as pessoas sem deficiência da mesma faixa etária, há 7,8 milhões de analfabetos, com taxa de analfabetismo em 5,2%.
A pesquisa ressalta as “fortes desigualdades regionais” na taxa de analfabetismo entre PCDs.
As maiores variações são verificadas no Piauí (38,8%) e Alagoas (36,8%). Em contraste, as menores estão em Santa Catarina (11,6%), Distrito Federal (11,8%) e Rio de Janeiro (12,1%).
“Observa-se que, no Brasil, o analfabetismo está diretamente associado à idade. Quanto mais avançada a faixa etária, maior a proporção de pessoas analfabetas”, pondera o IBGE.
Há 1,8 milhão de pessoas com deficiência com 60 anos ou mais em condição de analfabetismo (taxa de 27,9%). A redução é observada nas faixas etárias mais jovens, com:
- taxa de 23,4% entre as pessoas com 40 anos ou mais;
- taxa de 22% entre aquelas com 25 anos ou mais; e
- taxa de 21,3% entre as pessoas com 15 anos ou mais.
Nível de instrução das PCDs
Nesse quesito, o IBGE avalia o nível educacional de cada pessoa após os 25 anos. De acordo com a pesquisa, tal indicador apresenta “a disparidade nacional no o à educação para as pessoas com deficiência”.
Dessa forma, 6,1% da população PCD não completaram o ensino fundamental, frente aos 32,3% sem deficiência. Apenas 7,4% das pessoas com deficiência concluíram o ensino superior, contra 19,5% entre pessoas sem deficiência.
As PCDS que terminaram a educação básica obrigatória — isto é, finalizaram, no mínimo, o ensino médio — foi de 25,2%. Enquanto para as pessoas sem deficiência, essa mesma proporção foi mais do que o dobro: 53,4%.
O Censo 2022 destaca que as maiores discrepâncias se dão nos menores níveis de escolaridade, nos quais 63,1% das PCDs não têm instrução ou têm fundamental incompleto, enquanto o grupo sem deficiência registrava um percentual de 32,3%.