IBGE: varejo cresce 0,8% em março e renova recorde na série histórica
Esta é a 3ª taxa positiva consecutiva das vendas no varejo. O destaque vai setor de livros, jornais, revistas e papelaria, que subiu 28,2%
atualizado
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As vendas no comércio varejista do Brasil cresceram 0,8% em março, frente a fevereiro. Com isso, o resultado atingiu o maior patamar da série histórica, iniciada em janeiro de 2000. O recorde anterior era de fevereiro de 2025 (0,5%).
A média móvel trimestral variou 0,6% no trimestre encerrado em março.
Esta é a terceira taxa positiva consecutiva do índice. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (15/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O que é PMC
- Iniciada em janeiro de 1995, a pesquisa produz indicadores sobre o comportamento conjuntural do comércio varejista no país.
- Para calcular a Pesquisa Mensal de Comércio, o IBGE monitora a receita bruta de revenda nas empresas formais, com 20 ou mais trabalhadores, cuja atividade principal é o comércio varejista.
- A PMC traz indicadores de faturamento real e nominal, pessoal ocupado e salários e outras remunerações.
Para Igor Cadilhac, economista do Piay, embora o índice tenha atingido novo recorde histórico, “o ritmo de expansão deve desacelerar, em razão da redução dos estímulos fiscais e de crédito, além do impacto da inflação e dos juros elevados”.
“Apesar desse cenário desafiador, a expectativa é de que a desaceleração seja relativamente moderada. Alguns fatores devem contribuir para sustentar o consumo das famílias, como o mercado de trabalho aquecido e o aumento da massa salarial”, pondera.
André Valério, economista sênior do Inter, entende que o resultado foi “bastante robusto”, apenas com quedas nas vendas dos setores de combustíveis e de móveis e eletrodomésticos.
“Os dados de março confirmam que o primeiro trimestre foi de recuperação para o setor, em contraposição a um quarto trimestre de 2024 mais fraco. Com isso, devemos ver o agro e o comércio tendo impacto positivo sobre o PIB do 1º trimestre de 2025”, avalia.
Valério também acredita que, dada as condições financeiras restritas, a perspectiva de aperto monetário (aumento dos juros) prolongado e a pressão da inflação de alimentos, o varejo deve retornar à tendência de acomodação no restante do ano.
Varejo em março
O gerente da Pesquisa Mensal de Comércio, Cristiano Santos, ressalta que, em março, o que chamou “mais atenção” foi o perfil distribuído do crescimento intersetorial.
“Tivemos seis atividades em crescimento, inclusive as com mais peso, como a farmacêutica e hiper e supermercados. Os meses anteriores mostram uma volta ao protagonismo de hiper e super, especialmente em fevereiro, com alta de 1,2%”.
Seis das oito atividades investigadas na pesquisa avançaram em março. Os destaques vão para os setores de livros, jornais, revistas e papelaria (28,2%) e de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3%).
Confira a variação das oito atividades em março:
- combustíveis e lubrificantes (-2,1%);
- hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,4%);
- tecidos, vestuário e calçados (1,2%);
- móveis e eletrodomésticos (-0,4%);
- artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,2%);
- livros, jornais, revistas e papelaria (28,2%);
- equipamentos e material para escritório informática e comunicação (3%);
- outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,5%).
O gerente da pesquisa lembrou que, nos últimos anos, o mês de fevereiro tem sido positivo para o setor de livros, jornais, revistas e papelaria, com o crescimento pronunciado em razão de vendas de materiais didáticos.
Contudo, em 2025, esse desempenho não aconteceu em fevereiro. A variação positiva se deslocou para março “por conta de variações no calendário escolar e variações nos momentos de fechamento de contratos novos”, contextualiza Santos.
No setor de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação, a influência veio do dólar em razão dos produtos eletrônicos importados. Santos explica que:
“Como houve alta variação do dólar no início do ano, as empresas têm esperado momentos oportunos para renovação de estoques, provocando alta volatilidade no indicador de volume, com alta forte em janeiro, queda da mesma magnitude em fevereiro e posterior crescimento em março”.
Apenas dois grupos recuaram no período. Após anotar dois resultados positivos em janeiro e fevereiro, o setor de combustíveis e lubrificantes teve um rebatimento desse crescimento ao recuar 2,1%.
Para Santos, isso “reflete também uma demanda menor por combustíveis naquele mês”.
Varejo ampliado
No comércio varejista ampliado — que inclui, além dessas oito atividades, os segmentos de veículos, motos, partes e peças; material de construção; e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo —, o volume de vendas subiu 1,9% em março.
Segundo o IBGE, as duas atividades adicionais que compõem o varejo ampliado tiveram crescimento no mesmo período: material de construção (0,6%) e veículos e motos, partes e peças (1,7%).