INSS: delegado da PF desconhece atuação de filho de Lewandowski
Delegado Carlos Henrique de Sousa, da PF, é ouvido pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (28/5)
atualizado
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O delegado da Polícia Federal (PF) Carlos Henrique Oliveira de Sousa, que é ouvido pela Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, afirmou não ter presenciado atuação do filho do ministro Ricardo Lewandowski na defesa de uma das entidades investigadas pela Polícia Federal (PF) por envolvimento no bilionário esquema de fraude nos descontos sobre aposentadorias do INSS. O esquema foi revelado pelo Metrópoles.
“Em relação à questão de parente de ministros, lá na Polícia [Federal] não se tem notícia de parentes de ministro advogando especificamente na questão criminal por essas pessoas, pelo menos não que eu tenha conhecimento. Não sei em juízo”, afirmou Sousa aos deputados federais.
Como mostrou o Metrópoles, em dezembro de 2024, o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap) acertou a contratação do escritório do advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e de outras duas bancas de advocacia, com o objetivo de “representar institucionalmente a associação” perante vários órgãos federais, “de forma a assegurar a manutenção do ACT (Acordo de Cooperação Técnica)”.
O ACT é o convênio com o INSS que permite os descontos de mensalidade associativa de aposentados e pensionistas, mecanismo que está no centro de um escândalo no governo federal.
O delegado Carlos Henrique Oliveira de Sousa ainda negou que seja alvo de pressões políticas para orientar a investigação que tem como alvo as fraudes ao INSS. Ele ainda frisou que as investigações não têm enfrentado atraso, mas que precisam lidar com o tempo do Judiciário.
“Os inquéritos que a gente tem inicialmente são de 2023, mas estavam com foco pequeno. A gente assume ali e dá um norte principal em 2024. A gente pensou até que deflagaria ainda no fim de 2024. E todos os órgão públicos têm as suas dificuldades. A gente demorou a receber esses mandados judiciais”, explicou.
Escândalo do INSS
O escândalo do INSS foi revelado pelo Metrópoles em uma série de reportagens publicadas a partir de dezembro de 2023. Três meses depois, o portal mostrou que a arrecadação das entidades com descontos de mensalidade de aposentados havia disparado, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados.
As reportagens do Metrópoles levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal (PF) e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União (CGU).
No total, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23/4 e que culminou nas demissões do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.