Psicólogo revela o que acontece no cérebro quando estamos felizes
A coluna conversou com um psicólogo para entender como o cérebro entende o sentimento de felicidade e como o corpo reage
atualizado
Compartilhar notícia

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Felicidade, celebrado na última quinta-feira (20/3), a coluna foi atrás de desvendar como o estado emocional é percebido pelo corpo e quais são os processos químicos no cérebro responsáveis por trazer à tona o bem-estar e a sensação de excitação.
Para ajudar na missão de entender o que resulta na ativação de circuitos neurais associados à felicidade, o mestre em psicologia e pós-PhD em neurociências Fabiano Agrela explica o que é, de fato, esse sentimento e como podemos alcançá-lo em meio às rotinas agitadas e aos desafios do cotidiano.
Entenda
- Para Fabiano Agrela, a felicidade é um estado emocional momentâneo, desencadeado por estímulos específicos e sustentado por reações químicas que ocorrem no cérebro e no corpo.
- Segundo o expert, quando vivenciamos algo prazeroso, o cérebro libera uma combinação de “hormônios da felicidade”: dopamina, responsável pela sensação de prazer e recompensa; serotonina, que regula o humor e proporciona estabilidade emocional; endorfinas, analgésicos naturais que promovem bem-estar e relaxamento; e ocitocina, relacionada ao vínculo social e ao afeto.
- Quando se trata da parte do cérebro responsável por processar o sentimento, Fabiano explica que há um sistema complexo de recompensas envolvido, em que cada situação é verificada em níveis diferentes do órgão do sistema nervoso central.
- De acordo com o profissional, o córtex pré-frontal fica responsável por interpretar um estímulo como positivo, enquanto o sistema límbico — responsável pelas emoções — reforça essa resposta.
Entenda quais são os efeitos da felicidade no corpo humano
Diante da indagação sobre como a felicidade é entendida pelo corpo, Fabiano oferece uma explicação bastante detalhada. “Tudo começa quando um estímulo positivo é percebido no córtex pré-frontal e enviado ao sistema límbico, especialmente à amígdala e ao núcleo accumbens. Este último, quando ativado, gera prazer pela liberação de dopamina. O hipotálamo, por sua vez, modula as respostas fisiológicas associadas à felicidade”, explica.
Embora pareça ser um caminho prático, o pós-PhD em neurociências reflete que o cérebro sabe muito bem diferenciar as pequenas alegrias das grandes conquistas.

“Pequenos prazeres ativam o núcleo accumbens de forma moderada, enquanto eventos maiores geram picos de dopamina. Nosso sistema de recompensa é sensível tanto a reforços imediatos — como comida e elogios — quanto a objetivos de longo prazo, como realizações pessoais e profissionais”, comenta.
Além do cérebro, a felicidade provoca respostas fisiológicas em todo o corpo. Segundo ele, o sistema nervoso parassimpático é ativado, promovendo relaxamento. Outra mudança está na redução dos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, o que melhora a saúde cardiovascular e reduz inflamações.

“Sorriso espontâneo, postura relaxada, mais energia e maior resistência física são efeitos comuns. A longo prazo, estados frequentes de felicidade fortalecem o sistema imunológico, reduzindo a vulnerabilidade a doenças e favorecendo a longevidade”, pontua Fabiano.
No entanto, ele reforça que a felicidade não é um sentimento que se manterá constante. O profissional lembra que existe um fenômeno chamado habitação hedônica, em que o cérebro se acostuma a estímulos positivos repetitivos, reduzindo a intensidade do prazer com o tempo. “Por isso, não existe uma fórmula mágica para manter a felicidade sempre elevada. Mas é possível adotar práticas que sustentem níveis saudáveis de bem-estar”, diz.
Estratégias para cultivar a felicidade
Quando perguntado sobre quais hábitos diários podem contribuir para manter o equilíbrio emocional, Fabiano Agrela destaca quatro principais eixos que garantem a felicidade.
- Atividade física regular, que aumenta a liberação de endorfinas e promove prazer e relaxamento;
- Sono adequado, essencial para a regulação da serotonina e do humor;
- Relações sociais positivas, que estimulam a liberação de ocitocina e fortalecem vínculos afetivos;
- Alimentação equilibrada, com nutrientes como triptofano e tirosina, que favorecem a produção de serotonina e dopamina.
Apesar de ter medidas para aumentar os níveis de bem-estar no corpo, a predisposição à felicidade pode, sim, ter base genética, segundo Fabiano. “Estudos mostram que entre 40% e 50% da variação nos níveis de felicidade pode ser atribuída à genética, especialmente a polimorfismos nos genes que regulam serotonina e dopamina. Essas variações influenciam a sensibilidade ao estresse e à experiência de emoções positivas”, explica.
Para saber mais, siga o perfil de Vida&Estilo no Instagram.