Cupertino menciona Lula e Bolsonaro em julgamento: “Ser humano é isso”
Cupertino falava sobre dizer o que pensa quando usou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o presidente Lula como exemplos em depoimento
atualizado
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Paulo Cupertino Matias, condenado a 98 anos de prisão pelos assassinatos do ator Rafael Miguel e dos pais do jovem, citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente Lula (PT) em depoimento prestado ao Tribunal do Júri, na última quinta (29/5). O réu usou os políticos de exemplo para dizer que, assim como eles, também fala o que pensa.
“Por que o Bolsonaro foi lá e falou que tomou a vacina e não tomou? Por que o Lula falou que tem o [inaudível]? O ser humano é isso”, disse.
“Aqui é um homem empolgado, esmagado, calejado, sofrido. Entendeu? Numa cadeia maldita”, completou o homem condenado pelo triplo homicídio qualificado.
O réu, que se recusou a responder as perguntas da acusação, falou por duas horas, e recebeu advertências do juiz Antônio Carlos Pontes de Souza, que presidiu as sessões, pelo comportamento que demonstrou frente ao júri.
Veja o depoimento de Cupertino na íntegra:
Condenado a 98 anos de prisão
Cupertino foi condenado a 98 anos de prisão em regime inicial fechado, após ser considerado culpado pelo Conselho de Sentença que julgou o triplo homicídio qualificado de Rafael Miguel, ator de Chiquititas, e dos pais dele, Miriam Selma Miguel e João Alcisio Miguel, mortos em 2019.
Os jurados consideraram que Cupertino efetuou os disparos que tiraram a vida dos três. Sete pessoas participaram do conselho do Tribunal do Júri, que durou dois dias e foi encerrado na noite de sexta (30/5), no Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste de São Paulo.
Em depoimento prestado na quinta, o réu negou a autoria do crime. Os dois amigos que o ajudaram a fugir após o triplo homicídio, Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado, foram absolvidos a pedido do Ministério Público de São Paulo (MPSP).
Entenda como funcionou o julgamento
- O julgamento pelo Tribunal do Júri começou na quinta com o sorteio dos jurados: de uma lista de 25 nomes, sete são sorteados para compor o Conselho de Sentença.
- Os jurados sorteados fizeram a leitura das peças principais do processo, para se inteirar do caso julgado.
- O Conselho de Sentença que decide sobre a condenação ou absolvição dos réus, cabendo ao juiz somente presidir os trabalhos, realizar a dosimetria da pena em caso de condenação e redigir a sentença.
- Após a leitura do caso, aconteceu as oitivas das testemunhas.
- Na sexta, ocorreu a fase dos debates, quando representantes da Acusação, da Defesa e do Ministério Público expõem suas teses ao Conselho de Sentença.
- A fase dos debates funciona da seguinte forma: primeiro, a acusação tem a palavra. O promotor Thiago Alcocer Marin, representando o Ministério Público, e a assistente de acusação Maria Gorete Silva Carvalho tiveram a palavra por duas horas e meia.
- Em seguida, foi a vez da defesa dos réus, por mais duas horas e meia.
- Houve réplica do MPSP e tréplica da defesa, com duas horas de exposição para cada parte.
- Após os debates, o Conselho de Sentença se reuniu na sala secreta para votar os quesitos e decidir sobre a condenação ou absolvição dos réus.
- A etapa final foi a preparação da pena e leitura da sentença pelo juiz Antônio Carlos Pontes de Souza.
Relembre o crime
O triplo assassinato aconteceu em 9 de junho de 2019, no bairro Pedreira, na zona sul da capital paulista.
De acordo com a denúncia do MPSP, Cupertino matou o ator Rafael Miguel, na época com 22 anos, e os pais dele porque não aceitava o namoro do jovem com a filha dele, Isabela Tibcherani, na época com 18 anos. Os pais do ator estavam no local porque queriam conversar com Cupertino sobre o namoro dos filhos.
Segundo a denúncia, Cupertino disparou 13 vezes contra as vítimas. Depois do crime, fugiu para Mato Grosso do Sul e, em seguida, para o Paraguai, ficando três anos foragido. O acusado foi preso na mesma região onde o crime ocorreu, escondido em um hotel, em maio de 2022.