Sua segurança foi afirmada pela humilhação e pelo medo do outro. Nunca esquecerei os gritos de uma garota na Costa Rica

Nesta profissão, todos nós sabemos que um dia uma oportunidade pode surgir no nosso caminho. E foi exatamente isso que aconteceu comigo em 1992. Numa tarde de primavera, depois de uma audição, o telefone tocou e me disseram que eu havia sido selecionado para trabalhar como ator nas filmagens do filme 1492: A Conquista do Paraíso . Quais eram as chances de uma criança como eu ser escolhida para participar de um projeto como esse? Muito poucos, na verdade. Mas naquela ocasião, o destino caprichoso havia reservado essa ilusão para mim. Então, meses depois, comecei a trabalhar sob a direção de Ridley Scott, um dos meus diretores de cinema mais irados, compartilhando o projeto com atores e atrizes do porte de Sigourney Weaver, Armand Assante, Fernando Rey, Ángela Molina e Gérard Depardieu.
Pesquisas recentes mostram que ao respirar obtemos muitos dos nutrientes de que necessitamos! A notícia é boa e ruim!

Décadas atrás, quando pela primeira vez se cogitou que o ar pudesse nos alimentar, a informação gerou, principalmente, dúvida e desprezo. Houve um casal que ganhou fama por dizer que se alimentava apenas com ar e a energia do universo. Falso! Mas, se não podemos sobreviver unicamente respirando nutrientes, pesquisas recentes – conforme a revista New Scientist – demonstraram que sim, há nutrientes importantes no ar que respiramos e deles nos beneficiamos. Mostraram, também, que a quantidade e o tipo de nutrientes variam conforme a região onde se vive, com impactos diferentes sobre o corpo humano.
Lideranças criminosas se auto coroaram chefes de um Estado paralelo

O Brasil vem cometendo um descuido histórico há 500 anos, desde a chegada do colonizador europeu. Ao longo do tempo, lideranças criminosas se auto coroaram chefes de um Estado paralelo, fazendo bolsões do território nacional retrocederem a um modo de governo medieval, especialmente nas grandes cidades, na fronteira e na região amazônica.
Não é só o escândalo do INSS – é a erosão silenciosa e contínua dos princípios

Enquanto o Congresso Nacional legisla em causa própria, se apropriando de parte do Orçamento, o Supremo Tribunal Federal multiplica decisões monocráticas e contraditórias sobre temas de alta complexidade e o Executivo se atrapalha por não ter um projeto de nação, o país vive uma estranha normalização do improviso. E, muito mais grave, da erosão institucional. Não se trata apenas de disputas políticas quotidianas: é o tecido dos princípios republicanos que se desgasta silenciosamente, ameaça que deveria preocupar muito além das paixões do momento.
Eles acreditam que são imigrantes de primeira classe e que aqueles vindos do Sul da Ásia devem ser barrados e expulsos

Mulher, negra e imigrante. A brasileira que fez questão de ir às comemorações do Chega, partido de extrema-direita que elegeu 58 deputados para a Assembleia da República, é o retrato claro de parcela dos imigrantes que estão em Portugal e defendem, equivocadamente, políticas restritivas para quem vem de fora com o intuito de construir uma nova vida no país.
Ela apanha só por existir

Se a Janja conseguir salvar da fome todas as criancinhas pobres do Brasil, as mídias vão estampar: Enquanto Janja salva as crianças brasileiras, milhões de crianças morrem de fome pelo mundo.
A fraude no INSS é apenas mais um sintoma de uma doença maior: a ividade frente ao inaceitável

Nas últimas semanas, o Brasil foi novamente confrontado com um escândalo que, embora revoltante, parece não ter despertado a indignação coletiva que se esperaria: a fraude no INSS que resultou no desconto indevido de valores das aposentadorias. Inicialmente, podem parecer cifras modestas, quase imperceptíveis no extrato mensal. Contudo, a soma desses pequenos golpes revela uma dimensão alarmante, com estimativas apontando para um prejuízo que pode alcançar a cifra de R$ 6,3 bilhões.
São quase 30 anos de negociações climáticas — e, embora os avanços tenham sido muitos, ainda há um longo caminho

Tive o prazer de conhecer a diplomata costa-riquenha Christiana Figueres há alguns anos, em Londres. Completamente intimidada pela força daquela mulher — que liderou as negociações do Acordo de Paris, em 2015 —, não me atrevi a me aproximar. Fiquei feliz apenas em ouvi-la e observá-la cercada por pessoas do mundo inteiro, ávidas por uma palavra sua.
Reino Unido volta a se aproximar da União Europeia

Poucas palavras estarão mais presentes nos livros de História contemporânea do que Brexit. O divórcio litigioso entre o Reino Unido e a União Europeia, decidido em plebiscito em 2016, foi uma espécie de senha para a radicalização política que se seguiu. Nove anos depois, algumas luzes ainda claudicantes podem indicar um retorno à moderação.
Os saques, as extorsões e as propinas ganharam alcance global com o segundo mandato, para além da capacidade de investigação

Uma nova era de corrupção começou. Conhecia-se a sua extensão no trumpismo, mas não as dimensões astronômicas e a ausência de limites legais ou morais reveladas em apenas quatro meses, após a desativação dos famosos freios e contrapesos . A primeira presidência foi apenas um ensaio geral. Com a segunda onda, pilhagens, extorsões, propinas e subornos adquiriram alcance e magnitude globais, além do escopo da investigação ou mesmo da compreensão.
Vamos deixar essa briga de gangs para depois. Só o Brasil não tem treinador.

O homem está chegando! O mito! O italiano! Carlo Ancelotti — um dos treinadores mais vitoriosos da história do futebol mundial — finalmente aceitou o desafio de tirar o futebol brasileiro dos poleiros do purgatório, onde foi jogado, por seus próprios gestores. E agora, com ares de salvador renascentista do Brasil, será recebido por aqui como se fosse uma fusão de Enzo Ferrari com Nossa Senhora de Aparecida: acelera o jogo e resolve problemas impossíveis…ou será o culpado de todas essas artes que sabemos.
Entre o amadorismo, a presunção e a ideologia, nossa política externa está perdendo o sentido da realidade

Li em algum lugar que Joaquim Nabuco, quando embaixador do Brasil nos Estados Unidos, nos primeiros anos da República, teria dito que uma virtude essencial da política externa de um país seria o senso de realidade e de proporção, querendo certamente dizer com isso não se fazer maior nem menor do que a realidade. Seria fazer justiça à nossa diplomacia reconhecer que na maior parte da nossa vida republicana a política externa brasileira tem-se mantido fiel àquela virtude, não se apequenando diante dos mais poderosos, nem cultivando a fantasia de um poder e de uma influência que naturalmente não temos.
A disputa entre o bolsonarismo e a centro-direita está sendo ensaiada desde as eleições municipais

O desfile de governadores presidenciáveis – Tarcísio, Eduardo Leite, Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado – nos EUA rascunha a reestruturação da direita pós Bolsonaro.
É provável que o Parlamento, agora eleito, fique ainda mais malcriado, com debates ainda mais grosseiros

Cinquenta anos depois do 25 de Abril e da fundação da democracia, a direita, no seu conjunto, obtém a maior vitória de toda a sua história. Quase dois terços da população escolhe os partidos da direita. E o partido da direita mais radical, o Chega, principal vencedor destas eleições, atinge um número de eleitores próximo de um quarto da população.
Quanto mais alta a escala da “autoridade” mais perigoso se torna o moralista

“Atrás de todo paladino moral vive um canalha”. Esta é uma das célebres frases de Nelson Rodrigues. A ele não importava se deixava a direita perplexa e a esquerda indignada. Por princípio, era um polemista. Não temia ir contra a opinião geral e respondia ao rótulo de reacionário porque assumia “a reação a tudo o que não presta”.